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A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS

Contar Histórias Pode Ser o Ponto de Partida para Excelentes Trabalhos com Leitura e Escrita



Não é novidade o desafio que muitos educadores enfrentam para trabalhar leitura e escrita nas escolas.Pensando nisso, algumas ideias são muito bem vindas a fim de diminuir a distância existente entre o aluno e as mais diferentes formas de ler e escrever.
A contação é uma prática que, se introduzida na rotina da escola, pode ser uma excelente alternativa não para incentivar a leitura como também para contextualizar situações de produção de textos que podem render muito.
Sendo assim aí vão algumas dicas para sistematizar o trabalho :
1) Apresentar o livro da história que será contada;
2) Apresentar o autor e ilustrador ( se houver);
3) Escolher a técnica que será utilizada para a contação;
4)Utilizar estratégias de leitura, sempre que possível, durante a contação;
4) Oportunizar situações de produção de texto de acordo com o que o enredo sugerir.


Pretendemos, neste blog, acender algumas luzes para este tipo de trabalho que , com certeza, vai dar bons frutos.

Abaixo, uma síntese de algumas técnicas de contação de histórias que  podem ajudar o professor a desenvolver este trabalho com simplicidade, mas eficácia.

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
                Contar histórias pode ser o chamariz para incentivar a leitura na escola. Para realizar uma boa contação é indispensável conhecer as técnicas de alguns recursos básicos para que a atividade cumpra seu objetivo.         Para tanto, este material está dividido em duas partes: Dicas e Recursos para contar histórias.
Com isso esperamos contribuir no cumprimento de uma das rotinas mais importantes da sala de leitura, fazendo valer o papel do professor responsável por este ambiente como mediador de leitura, que é a pessoa responsável por fazer a ponte entre o livro e o leitor.
DICAS PARA CONTAR HISTÓRIAS
        Aprenda a ouvir histórias, em primeiro lugar.
        Antes de começar a história, organize um espaço sem muitos objetos, elementos e movimentos que desviem a atenção de quem está ouvindo;
       Procure conhecer melhor as crianças, como funciona sua imaginação;
       Prepare-se estudando, pesquisando, ensaiando
       Faça uma seleção de títulos que despertem em você a vontade de passá-los aos alunos. É importante abrir o universo deles para diferentes narrativas, com temas como a vida e a morte, nossa origem e a humanidade, mitos etc.;
       Para se familiarizar com a narrativa, treine contando para amigos e familiares;
        Quanto mais a história for contada, maior o número de novas imagens que são incorporadas a cada cena. Esta é a peculiaridade da oralidade: cada um recria o conto.
       Comece a narrar para grupos menores, enquanto você conhece as suas possibilidades. Reúna os ouvintes em roda para que eles se sintam próximos de você;
       Pesquise e monte seu repertório. Com o tempo suas histórias ficarão mais fáceis de contar. E ganharão vida, porque você estará acreditando nelas;
       Procure sempre conhecer o universo das crianças para as quais você vai contar a história. O sucesso ou fracasso dos recursos que você vai usar depende disso. O lenço enrolado no cabo de guarda – chuva pode não significar nada para elas.
       Escolha recursos, como desenhos, bonecos, músicas e movimentos de dança, com os quais você se sinta mais à vontade;
       Use elementos expressivos, como imitação de vozes e movimentos com as mãos (estalar de dedos e palmas). Empregados na hora certa, eles fazem a diferença.
        Imagine os detalhes de todas as cenas e descubra a melhor maneira de entoar cada trecho (sem se preocupar em decorá-las).
        Preste atenção em alguns refrões ou frases de impacto que podem ser repetidos sempre do mesmo jeito - porque são bonitos ou soam bem.
       Projete a voz na sala e amplie os gestos para que o público não se disperse. Quando o enredo pedir um tom mais suave, todos entenderão o recurso e farão silêncio para ouvir.
       Descubra a pontuação da história: os momentos de respirar, de se surpreender. Assim, a história ficará viva em você. E você se surpreenderá naquele momento, junto com quem está ouvindo, mesmo que tenha contado a mesma história mais de 100 vezes;
        Todos os recursos são válidos para chamar a atenção: cantar, dançar, usar sotaque;
        É sempre bom usar objetos que estimulem a imaginação: um lenço enrolado num cabo de guarda - chuva pode ser uma linda rainha vestindo sua capa;
        Procure desenvolver sua sensibilidade. Se você acreditar que o lenço é a capa da rainha, a criança vai gostar mais do seu jeito de contar;
       Procure sempre conhecer o universo das crianças para as quais você vai contar a história. O sucesso ou fracasso dos recursos que você vai usar depende disso. O lenço enrolado no cabo de guarda – chuva pode não significar nada para elas;
        Ignore as peraltices de alguns e conte a história para o resto da classe. Se alguma coisa que os bagunceiros fizerem permitir, vale incorporá-la à performance, sem quebrar o clima da história;
        Contar histórias sempre envolve alguns imprevistos. O importante é não ter medo. Geralmente, as crianças querem que a narração prossiga. Então, elas vão ajudar você;
       Não tenha a pretensão de ensinar ou formar a criança. Apenas conte uma história;
        Antes ou depois da narração, conte de onde vem a história: de um livro, de um filme, da mitologia grega ou se aconteceu com alguém conhecido. Assim, a turma fica sabendo que também pode passá-la adiante;
       Acredite no que está fazendo.
RECURSOS PARA CONTAR HISTÓRIAS
Alguns dos recursos mais utilizados na contação de histórias são: a simples narrativa, a narrativa com o auxílio do livro, o uso de gravuras, de flanelógrafo, de desenhos e a narrativa com interferências do narrador e dos ouvintes.
Vale lembrar que para cada tipo de narrativa é mais adequada uma ou outra modalidade de contar histórias.
FORMAS DE APRESENTAÇÃO
1 – SIMPLES NARRATIVA
                Processa-se por meio da voz do narrador, de sua postura. O contador de histórias, que fica de mãos livres, concentra toda a sua força na expressão corporal. A entonação é tudo neste tipo de contação. Aqui, o contador também pode lançar mão de algumas estratégias de leitura, para que os ouvintes façam antecipações, inferências e conclua suas hipóteses ao longo da sequência dos fatos.
Exemplos: - O que será que vai acontecer agora?
                      - Como é a bonequinha que viram na história?
Entonação: sussurrar quando a personagem o faz na história, barulho de uma lata despencando do armário etc.
2- COM O LIVRO
                Este é um excelente recurso quando o livro é rico em ilustrações. Aqui, as figuras podem exercer a função de complementar os textos que compõem a narrativa.
                Aqui, o livro se impõe como forma de apresentar a história porque contempla a beleza do tema e a integração gráfica da obra, que já é conhecida do contador. Para este recurso é indispensável que o narrador já tenha estudado a história para que possa ir contado com suas próprias palavras.
                Usando o livro, voltado aos ouvintes, o contador vai virando, lentamente, as páginas com a mão direita, com o objetivo de mostrar o livro para o público.
                Para este recurso também é muito bem vindo o trabalho com as estratégias de leitura, propondo inferências aos ouvintes. Exemplo: “Que presentes você levaria se fosse convidado ao aniversário?” “Que desculpas daria se não fosse?”, “Que castigo a bruxa lhes teria preparado?”. Neste sentido, mais uma vez, a turma é conduzida a fazer antecipações e a concluir suas hipóteses. Podem ser feitas pequenas paradas para instigar os ouvintes de forma a interagir com eles de forma planejada.
                Algumas dicas podem tornar a contação ainda mais atraente tais como: alterações de voz, expressão do olhar, cantarolar, dependendo da cena que aparece, enquanto espera-se algo, por exemplo, (Ex.: a personagem está regando uma flor, dentro de um elevador etc.).
                Pode ser uma excelente alternativa para apresentar uma parte da história e estimular a turma a continuar a leitura (oralmente). O livro pode ser apresentado numa seção de leitura na sala de leitura ou outro ambiente alternativo planejado pelo professor.
3 – COM GRAVURAS
                Para utilizar este recurso, monta-se uma sequência de ilustrações referentes à ordem do enredo, ampliadas numa cartolina, papel cartão etc., considerando os elementos essenciais da história. Para montar a atividade, basta seguir os passos:
                - colocar todas as gravuras, em ordem, viradas par baixo, e, á medida que ocorre a narrativa, as gravuras são colocadas em um suporte apropriado sem interromper a naturalidade da contação;
                - dependendo do número de ouvintes, ao final, podem-se distribuir as gravuras entre eles e pedir que falem de que parte eles mais gostaram. Então, quem está com a figura apresenta e coloca no chão, lousa etc. Daí, segue a pergunta: “foi assim que a história começou?” E, quem tem o começo traz a gravura. “E depois, o que aconteceu?” A partir daí, a história vai sendo reconstruída;
                - Quando todas as gravuras estiverem na sequência, alguns questionamentos podem ser levantados a fim de implementar ainda mais o trabalho (“podemos retirar algumas gravuras sem que faça falta?”, “podemos mudar a ordem de alguma gravura sem prejudicar a compreensão da narrativa?” “Você acrescentaria mais alguma figura?”

4 - COM O FLANELÓGRAFO
                Este é o recurso adequado para histórias cujo protagonista movimenta-se muito durante o enredo, entra e sai num vaivém constante.
                O flanelógrafo é um recurso visual cujo objetivo é chamar a atenção do ouvinte transmitindo o movimento que a narrativa propõe em seu enredo. O recurso pode ser feito em um tablado de madeira revestido em tecido (como feltro, por exemplo) ou, ainda, um avental feito só para contar histórias.
                Diferentemente do recurso das gravuras, o foco está nas personagens e não nas cenas. Cada personagem é colocado individualmente, ocupando seu lugar, dando idéia de movimento.
5 - COM INTERFERÊNCIAS DO NARRADOR E DOS OUVINTES
                Embora em outros recursos também sejam propostas algumas inferências e antecipações, por meio de estratégias de leitura, o diferencial para o recurso Com Interferência do Narrador e do Ouvinte é que esta procura uma interação mais de perto e sistematizada com o enredo. Para tanto, é indispensável que o contador conheça muito a história a fim de programar os momentos exatos das intervenções. O objetivo é incorporar a interferência para tornar a narrativa mais atraente e facilitar a concentração dos ouvintes, principalmente quando se trata de um público maior.
Consiste numa participação ativa dos ouvintes pela voz ou pelos gestos. Para saber como usar este recurso, é preciso perceber se, na história, cabe a identificação de “refrões”, ou seja, falas, gestos ou sons que se repetem e que, por isso, merecem uma interação maior do público. Essas interferências podem ser:
·          De Falas: paradas estratégicas para que os ouvintes façam as antecipações e, a partir das respostas, o narrador faz a interferência, conduzindo os ouvintes a chegarem na resposta certa. Exemplo: “Sabem de algum lugar onde haja trabalho para um burrinho verde?” (muitas respostas surgem e quando alguém chega a certa, não há necessidade de apontá-la como certa, e imediato, mas de achá-la uma boa idéia, a fim de não antecipar o enredo. No momento certo, retoma-se a resposta dada). Em alguns casos, também é recomendável indagar a opinião dos ouvintes sem aguardar resposta;
·         De Gestos: momentos do enredo em que os ouvintes podem bater palmas, ilustrar passagens que se repetem e que podem ser ilustradas por movimentos pertinentes à história;
·         De Voz: repetição de um som que aparece no enredo (estribilho de um vaga-lume, por exemplo, ilustração com um “cantarolar” para introduzir uma cena. Aplausos, vaias.            
A escolha do tipo de interferência caberá ao tipo de enredo que couber um ou outro recurso.
·         De Grupo: o narrador prepara grupos diferentes para fazerem interferências durante o momento oportuno da história. Um grupo fala ou canta, outro gesticula, conforme o que o enredo sugerir. Tudo vai depender dos tipos de barulhos que existem na história, dos gestos que podem ser pertinentes, da música que pode representar uma determinada cena ou passagem que se repete.
A escolha da interferência contará com a sensibilidade do contador no momento que estudar a história e, assim, “enxergar” o que é oportuno e pertinente. É preciso cuidado para não transformá-la em um “programa de auditório”, pois ela deve surgir em decorrência do enredo e ser mantida em equilíbrio e sob o controle do narrador. A maioria das histórias oferece oportunidade de usar a interferência, mas as crianças devem habituar-se também a ouvir caladas, sem interferir.

ALGUMAS DICAS
Podemos, ainda, sugerir que alguns procedimentos sejam feitos antes, durante e após a narrativa. Tais pontos podem ajudar a garantir o sucesso da contação:
ANTES
Para preparar os ouvintes para receber a história, o narrador pode conduzir uma conversa com eles antes da contação. Esta mediação estará em conformidade com a temática abordada (Ex.: medo, solidão, bicho de estimação, família etc.). Trata-se de uma conversa informal com o objetivo único de predispor os ouvintes a conhecer a história, promovendo a empatia indispensável para esse tipo de trabalho, permitindo, ainda, que o narrador conheça melhor os alunos e dê a eles a oportunidade de falar.
Ao contador cabe conhecer bem a história que se propõe a contar, e dominar a técnica que escolheu para fazê-lo.
Um boa dica é estabelecer uma introdução antes de contar cada história. Exemplo:
“Era uma vez-
Assim vai começar
A linda história
Que agora vou contar.

Bata palmas, minha gente!
Bata palmas, outra vez.
Bata palmas, bem contente!
Vou contar...  “Era uma vez...”

DURANTE
O contador deve vivenciar o enredo com entusiasmo, sobriedade nos gestos e equilíbrio na expressão corporal. A voz é o principal instrumento do narrador. É por ela que ele transmite as emoções,sugerindo o que aconteceu, ora mais forte,vibrante,intensa, ora mais pausada, suave, num tom mais baixo.Saber adequar a voz e torná-la expressiva deverá constituir um treino constante para que ela possa ser utilizada em toda a sua plenitude.
Para a duração da narrativa, compete ao narrador diminuir ou alongar o texto, sabendo diferenciar os fatos principais dos detalhes.

DEPOIS
               Este é o momento de comentar as impressões que ficaram da história. Este procedimento pode aumentar a apreciação, promovendo novas leituras do enredo, das personagens e uma compreensão mais esclarecedora.
               “O comentário do ouvinte evidencia o feito da história e oferece condições d avaliar sua maior ou menor repercussão. É nessa fase, inclusive, que o narrador apreende reações básicas das crianças, aprimorando-se na prática da arte de contar e aperfeiçoando um estilo próprio”.

ALGUMAS SUGESTÕES
ATIVIDADES A PARTIR DA HISTÓRIA
               Associar práticas artísticas e educativas após a contação das histórias pode desencadear a criatividade, inspirando cada pessoa a manifestar-se, expressivamente, de acordo com as suas preferências.
               É importante lembrar que as atividades são espontâneas e delas somente participam os que quiserem.
1)      Dramatização: para enredos de fácil memorização, logo após a narrativa. Tudo é organizado na hora, sem necessidade  de ensaios, preparação de cenário, vestuário etc. Os próprios alunos resolvem as situações da dramatização.
2)      Pantomima: representação mímica do enredo, sem usar a voz.
3)      Desenhos, recortes, modelagem, dobraduras: dá a oportunidade de cada um expressar-se de acordo com suas preferências: desenhar, recortar modelar, dobrar etc. Conforme o que o enredo sugerir, poder entra com algumas sugestões (“Se fosse uma nuvem, com o que gostaria de se parecer?” “ Qual o vestido de La Íris que mais lhe agradou?”)
4)      Criação de Textos Orais e Escritos: aqui se faz valer a oportunidade que o enredo sugere. Cada história propõe a elaboração de diferentes gêneros textuais. Cabe ao contador a sensibilidade necessária para perceber e criar situações de produção textuais que melhor se adaptam.
Exemplo: Enviar uma carta para um determinado personagem, propor uma reportagem de um fato, a entrevista com a estrela da história ou com a personagem vítima de maus tratos, a notícia de uma tragédia ocorrida durante a história etc.).
5)      Brincadeiras: de acordo com o que sugere o texto; cantigas de roda, brinquedos folclóricos, parlendas, novas adivinhas etc.
6)      Construção de Maquetes: é a reprodução de uma ou mais cenas da história, podendo ser feitas com qualquer tipo de material disponível.


                                    PESSOAL, FICA AÍ A DICA




 Na próxima postagem, traremos a sugestão de um livro para contação, bem como um roteiro de atividades pós-leitura.
ATÉ LÁ !!!!