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Depoimento de Leitura de JOAQUIM AUGUSTO DE ALMEIDA SOARES



Um homem chamado Alfredo
Leitura e escrita em minha vida têm origem na figura de meu avô paterno. Não que ele tenha me ensinado as primeiras letras, mas lembro-me de, ainda criança, observá-lo lendo os jornais e ele os lia de fio a pavio, depois comentava as notícias e dava sua opinião. Aquilo era mágico. Soube mais tarde que frequentou a escola somente até o segundo ano, mas continuou os estudos em casa, com seu pai. Mais tarde, já casado, contraiu tuberculose, que naquela época tinha como únicos remédios boa alimentação, repouso e residir em cidade de bons ares.
Assim, em Torrinha – SP, meu avô devorou livros, até livrar-se da doença. Foi somente após sua morte que descobri o significado da palavra beletrista, como o chamavam alguns escritores que lhe enviaram livros para que os comentassem.
Era um homem inquieto, escrevia com erudição e repetia de forma correta as frases que falávamos com erros. Dicionário ambulante, era necessário interrompê-lo alguns minutos depois, quando perguntávamos o significado de alguma palavra, pois a coisa ia longe, etimologia, variações, exemplos na literatura e um longo etc.
Foi em sua biblioteca que me apaixonei por filosofia e história, ainda adolescente e acordei para o universo da escrita e da leitura. Para mim, meu avô foi muito mais que um homem chamado Alfredo.